sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Tropecei...


Tropecei na margem inferior
de uma página,
o semblante
de um livro sem sinopse,
uma folha distraída abraçada à terra,
alimentada pela sua astúcia,
raíz audaz e improvável.

Tropecei na margem inferior
deste corpo inerte,
excêntricismo,
uma floresta perdida talvez (numa cidade),
um corpo que busca o seu alimento,
o saciar de sua sede,
a sua razão existencial…

Tropecei na margem inferior
outra vez,
outro percurso,
outra viagem subtil,
enterrei os meus pés na terra,
fechei os olhos
e encarnei aquele quadro.

Marco Mangas

(Imagem: Tela de Claude Monet)

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