sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Treze pétalas...


Treze pétalas apenas
para cobrir o retrato de uma flor
germinada para lá do abismo,
matéria mascarada
na solene madrugada
que interrompe o silêncio
com o seu cântico sereno e afável.

Treze pétalas apenas
me separam de ti
e das tuas sílabas oblíquas,
o fruto carnudo,
alimento dos meus olhos,
o sorriso esquecido há muito,
atrás da montanha.

Treze pétalas apenas,
o segredo do gesto,
o tacto que realiza os contornos do poema,
o paladar da tua cor,
a voz de uma lágrima (em silêncio),
sempre a noite
e o sonho de um cego.

Marco Mangas

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