Corria já sem fôlego,
pulsação ofegante e abreviada,
já saturado de percorrer
caminhos vazios
e de saborear apenas a vertigem
do horizonte,
arqueado sobre a terra
como se fosse uma raiz frágil
no deserto,
uma árvore sem fruto,
um sopro,
fundi-me na terra…
Surpreendentemente,
conheci um amigo,
um pássaro fingido (quem me
dera ser),
um passageiro que repousava na
árvore do vazio,
conseguia até ouvir o seu
próprio silêncio,
o sabor amargo da pedra no
chão,
o vazio repetido sobre as
águas e sobre o tempo
como um candeeiro apagado,
posso ouvir-te, posso
ser-te!
Marco Mangas