domingo, 28 de julho de 2013

Ó tu, que te dignas escritor …


Ó tu, que te dignas escritor,
Poeta…
Tendes somente palavras?
Onde está o teu rosto cravado na pele,
Cicatrizado pelo tempo
e pelo crepúsculo…

Ó tu, que te dignas escritor,
Poeta…
Quero sustentar tua ferida,
Aquela que já lá não está.
Seu sangue venoso diluiu-se
na longitude do seu percurso…

Ó tu, que te dignas escritor,
Poeta…
Oferece-me o retrato
transfigurado daquele jardim,
Da tortura daquela lembrança
perplexa de sentimentos…

Ó tu, que te dignas escritor,
Poeta…
Onde sepultaste as cinzas
dos versos quebrados,
Traduzidos em silêncio,
Devastados…

Ó tu, que te dignas escritor,
Poeta…
Livremente, continuarás em busca
do que não viveste e do que não soletraste
até ao presente…
O teu suicídio…


Marco Mangas @ 27 de Julho de 2013

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