quarta-feira, 10 de julho de 2013

Rendido ao poema...



Descalço e quase desnudo,
A roupa foi substituída pelo suor,
Os poros, inocentes, dilatados,
No corpo cúmplice e febril…
Arrepios rendidos ao calor,
Ao sufoco incontestável,
Versos rendidos, suados,
A folha é cinza, poeira,
É água incolor, evaporada…
E agora?
Onde habitam as palavras destemidas?
Como deliro?
Onde me encosto?
Quando descanso?
Tragam gelo, para apaziguar o fogo,
Folhas de árvore, areia,
A minha sombra, o meu jazigo,
O meu paladar salgado,
Incompleto de letras insonsas…
A inquietude estrebucha no silêncio,
Em busca do oxigénio da noite,
Do desejo do mar,
Da ausência do calor,
Rendido ao poema…
À loucura…


Marco Mangas @ 10 de Julho de 2013

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