terça-feira, 15 de novembro de 2016

Um fruto...


Apenas
o refugio de um fruto
que se abriga do frio.

Intolerável
a inquietude do seu manto corpóreo.

Caduca
a sua respiração,
a sua forma de estar,
o seu corpo
(cada vez mais denso)
consumido pelas palavras ocas
e pelo tempo vão…

Um fruto.
Um fruto, apenas…

Um fruto cada vez mais só,
cada vez mais ébrio,
cada vez mais próximo da terra,
da infertilidade,
da insensatez,
da cegueira da multidão.

Um fruto maduro que se suicidou,
um fruto que não alimentará
a gula do Homem.


Marco Mangas

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