quinta-feira, 22 de março de 2018

Nuvem


Sobrevoo no sonho,
ao invés da sombra e da terra fria,
os olhos são fúria,
requinte deste corpo febril,
de mãos dadas com o horizonte
transporto o contraste nas pupilas,
quero inverter as cores,
saborear os prazeres desalinhados,
distorcer os filamentos do silêncio,
alcançar a leviandade dos céus…

Perco as asas,
continuo a sobrevoar
na teimosia e na verticalidade do suspiro,
manuseando o esplendor dos corpos,
liberdade de pedra,
labirintos sangrentos que fustigam a carne
e antecipam a dor,
é ingreme a vertigem,
quero não ser,
quero continuar a alimentar o sonho.

Marco Mangas

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