quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Manhãs



…queria ser o rosto das manhãs,
o parágrafo rústico daquele rochedo
(in)corpóreo,
o habitat dos pássaros
que gritam a liberdade,
o contraste dos dias que passam,
o pranto e a vertigem do silêncio,
o gelo que derrete nas mãos,
mas não.
…prefiro ser eu, sem rosto
(no sentido figurativo),
ter a sensação e a amplitude
de tudo o que me toca,
poder mergulhar na vertigem
e no abismo das águas gélidas,
poder sarar as rugas, página a página,
encorajando os pássaros,
percorrendo todas as manhãs,
palavra ante palavra, pé ante pé.

Marco Mangas

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