sexta-feira, 20 de junho de 2014

Cadáver


Quando volta o aroma,
a terra molhada,
ocre,
é o palpitar dos corações,
monumentos - figuras de pedra,
o frio não é (re)movido,
é a fúria digna de sua palidez,
distância,
cadáver
frio, (cala)frio.
Inflamada e negra
a exausta manhã,
ajoelhada ao cadáver,
choque - um de nós,
todos          silêncio.
Trajectória ínsone
iridescente
- outro dia...
Crepitações, insectos,
Sortilégio dos ossos,
nas so(m)bras,
o grito é mais leve e leve
- novo rumo sem rumo
uma semente promissora
dispersa.


Marco Mangas @ 20 de Junho de 2014








sexta-feira, 13 de junho de 2014

Pêndulo



Um pêndulo de sentidos,
amarrado a uma corrente de palavras
e a um maço de notas poéticas.
Tercetos e actos em papéis ardidos,
velas queimadas - metamorfose...
E novamente, tudo convertido em cera
do tempo passado,
da realidade presente,
do pretérito-perfeito recalcado.

- O negro de uma pedra preciosa
encontrada naquela noite,
O branco vestido da donzela
que beijaste e soletraste,
Um misto de frio e calor,
secura e suor,
Lágrimas de alegria e tristeza,
O seu doce sabor,
O ardente gesto de prazer
do gelo derretido em sua pele
leve e sedosa, sedenta de carinho.

Um pêndulo, nada mais...
O vai-e-vem de uma lembrança,
de um adulto-criança,
suas memórias...
Tempos que vão e voltam,
ou que apenas lá ficaram,
ou que simplesmente voltaram para ficar,
Resumindo-se ao vazio do corpo
e ao seu gesto uni constante...

- tic, tac, tic, tac, tic, tac...



Marco Mangas @ 13 de Junho de 2014