É angustiante o tempo...
O relógio não pára, os segundos que se apressam para
alguns, os minutos que se escasseiam para outros, as horas desesperantes para a
maioria dos que vivem e dos que continuam a lutar para sobreviver!
Outra manhã, longe da família para uns, outra tarde, fechados
em casa para outros, ou simplesmente outro dia e outra noite em reflexão, seja
lá onde for…
A música soa e deixo-me embalar para outra realidade...
abro os olhos, fecho os olhos, mas o medo é o instrumento principal desta
canção...
Outra e outra faixa... volta a repetir-se a mesma faixa...
e nós aqui, à espera que o tempo cure, que a ferida sare, que a
responsabilidade cresça e supere os preconceitos dos demais.
Enquanto uns choram, outros riem, outros gozam e outros que
já cá não moram, nem uma coisa nem outra, a música perdeu-se no tempo…
…mas continuo a escutar os ponteiros do relógio: tic tac...
tic tac... tic tac… respiro fundo outra e outra vez...inspiro toda a esperança
que consigo alojar dentro de mim, expiro o medo e as notas mais graves, concentro-me
no movimento dos ponteiros, sinto o valor do momento, aproveito estes preciosos
instantes para reflectir e aprender mais e mais, como respeitar e a valorizar o
que tinha e o que tenho.
Ainda me aguento, ainda respiro a batida do querer e do
sonhar mais além… eu sou eu, eu sou tu, poderei fazer de conta que sou o tempo
ou a nota musical que não conheço… sim, ainda posso gravar isto na minha
memória, com lucidez e com a esperança de que amanhã será um novo dia...
E juntos poderemos conceber uma nova melodia…
E juntos poderemos conceber uma nova melodia…
Marco Mangas